domingo, 10 de maio de 2009

Paulo Matos

A Volta 
Chegaste tão de mansinho,                 
entrou e eu nem percebí,
veio bem devagarinho,
estava escuro eu não ví.

Sentí um perfume gostoso,
que fez lembrar o passado,
o que sentí não era novo,
lembrei dela emocionado.

Pude sentir seus carinhos,
dizendo que me amava,
e eu nada respondia,
porque não achava palavras.

Depois de horas de amor,
bem cansado adormecí,
só sei que sonhei com ela,
da bela noite que eu viví.

Quando acordei no outro dia,
notei que não estava mais lá,
e acabou minha alegria,
depois fiquei a lamentar.

Do mesmo jeito que ela entrou,
da mesma maneira ela saiu,
deixando uma carta de amor,
assinou e depois partiu.

  
Ja fui 
Já fui criança do campo,
já corri por mato a fora,
já colecionei pirilampos,
já gostei de jogar bola,
já andei muitos quilômetros,
pra frequentar uma escola.

Já recitei muitas poesias,
já andei por muitos cantos,
já entrei até em fria,
pois nunca fui nenhum santo,
cantei muitas melodias,
e derramei muito pranto.

Muitas vezes apaixonei
já amei e fui amado ,
por amor eu já chorei,
mas nunca fiquei magoado,
algumas mulheres desprezei,
mas tambem fui desprezado.

Eu já trabalhei no café,
já catei muito algodão,
já rezei com muita fé,
ao meu santo de proteção,
e nas noites enluaradas,
eu namorei no portão.

Já fiz versos de amor,
cantei cantigas de roda,
tambem já fui trovador,
cantava com muita sobra,
e com as meninas do bairro,
eu brinquei de pular cordas.

Já corri de vacas brabas,
e nos arames me cortei,
já ferí quem me amava,
e arrependí do que falei,
e tudo que eu fiz na vida,
errei muito e acertei.

Já ví brigas de vizinhos,
e pau d"águas nos botecos,
já andei muito sózinho,
já pintei muitos canecos,
já cacei muitos passarinhos,
sempre fui moleque esperto.

Já joguei bola de meia,
já brinquei de amarelinha,
já fiz muitas coisas feias,
mas tambem coisas certinhas,
já amei belas morenas,
mas sofrí pelas loirinhas.

Já corrí e brinquei de pic,
e tambem de pé na lata,
já participei de pic-nique,
em rios e tambem nas matas,
mas o que eu nunca conseguí,
foi o coração de uma ingrata.

Já fui caboclo da roça,
e na cidade me dei bem,
já morei numa palhoça,
e em palacetes tambem,
minha vida é um mar de rosas,
sou feliz como ninguem.


Recordações 
Sou de uma cidade pequena,
do interior deste  estado,
onde as noites são serenas,
e os dias quentes ensolarados.
 
Morei no sítio de um tio,
onde o meu pai trabalhava,
nascí em primeiro de Abril,
quando os cafés madurava.
 
Viví tambem na fazenda,
que pertenceu ao meu avô,
crescí ouvindo muitas lendas,
das cidadezinhas do interior.
 
Contemplava as noites belas,
do meu aconchegante lugar,
e nas madrugadas singelas,
ouvia meu galo indio cantar.
 
Levantava bem cedinho,
à pe eu ia para escola,
na volta passava no campinho,
onde eu joguei muita bola.
 
Retornava da escolinha
sempre depois do meio dia,
pegava um embornal com café,
e pelo carreador eu seguia,
só voltava com meu pai,
quando a tardinha descia.
 
Domingo a tarde eu pescava,
e banhava no riozinho,
só a noitinha eu voltava,
cantando pelos caminhos.
 
Nas minhas folgas da roça,
eu ia apanhar as melancias,
muitas delas eu estragava,
com os buracos que fazia.
 
Mas o tempo é nossa lei,
crescí e me tornei rapaz,
por uma disilusão derrapei,
sofrí e chorei demais,
e partí para bem longe,
deixando tudo pra traz.
 
Bem novo eu saí de casa,
na grande cidade cheguei,
da minha terra eu lembrava,
de muitas coisas que deixei.
 
Hoje eu volto na fazenda,
não vejo mais os cafezais,
as terras foram arrendadas,
amigos eu não vejo mais,
só ficou a velha estrada,
cortando os canaviais.
 
Dizem que o passado machuca,
eu discordo com certeza,
o passado mostra as lutas,
de muitos sonhos e proezas,
mas o passado só é bom,
quando esquecemos as tristezas.
final
 


Gosto de felicidade 
Gosto da simplicidade,
do jeito que voce é,
gosto de ser seu amigo,
gosto de voce mulher.
 
Gosto das coisas do campo,
de tudo que é belo e de flores,
das poesias que encantam,
quando falam de amores.
 
Gosto da serenidade,
e da beleza da alma,
de praticar a bondade,
das conversas que acalma.
 
Gosto de curtir os amigos,
e dos meus colegas tambem,
gosto de ver um sorriso,
dos lábios puros de alguem.
 
Gosto de falar de saudade,
mas seguir sempre em frente,
ficar longe das maldades,
que machucam muita gente.
 
Gosto de pastel de feira,
de caldo de cana tambem,
ás vezes faço besteiras,
mas pratico sempre o bem.
 
 Paulo Matos 

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