Livro de Luiz Casadei Manechini traz a trajetória de Wilson Matos
entre renomados
profissionais do rádio
O livro
“O rádio e suas histórias na primeira
pessoa”, escrito pelo mariliense Luiz Casadei Manechini, registra momentos
importantes da trajetória do rádio desde os anos quarenta, a sua época de ouro,
até os dias de hoje, por meio dos depoimentos de personalidades do microfone.
O lançamento será na próxima sexta, dia 17, a
partir das 19h30, na Biblioteca Municipal de Marília – Rua São Luiz, 1295.
Narram suas histórias: Joseval Peixoto,
Milton Parron, Salomão Ésper, Saulo Gomes, Vida Alves e Wilson Matos, este
último, de Marília, representando o rádio do interior.
A riqueza da publicação está justamente nos
relatos de cada um deles, pois somam as situações mais diversas que um
profissional de rádio pode experimentar: programas de estúdio, de auditório, reportagens
de grandes acontecimentos, locução esportiva, enfim, uma soma de experiências
que poderá ser lida e ouvida pelos apaixonados por rádio.
O livro é publicado em duas versões, impressa
e digital, sendo que a segunda tem acesso gratuito por meio de um código e
instruções na última página do livro impresso. Este é um diferencial importante, porque as
prateleiras das livrarias estão cheias de livros de rádio mudos, que oferecem
apenas o texto escrito ao leitor, sem a possibilidade do complemento dos
áudios.
Neste livro, Benê Tannus, operador de som
experiente, cuidou do tratamento e edição dos áudios que podem ser ouvidos ao
clicar os links distribuídos ao longo dos capítulos, ilustrando um pouco o que
cada um fez.
Histórias
Joseval Peixoto, Milton Parron, Salomão
Ésper, Saulo Gomes, Vida Alves (in memorian) e Wilson Matos, seis
personalidades do rádio, compõem com suas memórias o conteúdo do livro escrito
pelo jornalista Luiz Casadei Manechini.
Em seus depoimentos, eles narram fatos
marcantes de suas trajetórias profissionais, inerentes à história do rádio e,
consequentemente, aos acontecimentos do País.
Milton Parron, por exemplo, nunca pensou que
seria radialista na sua vida. Mas, de tanto o pai insistir, acabou tomando
gosto pelo veículo, tornou-se um dos melhores repórteres investigativos do
radiojornalismo. Ele conta nas suas memórias: “Quem gostava de rádio era meu
pai, eu não! Ao contrário, odiava!”.
Salomão Ésper Salomão, duas vezes Salomão no
registro de nascimento, representa a carreira mais longa e permanente do rádio
brasileiro. São mais de 70 anos ininterruptos de microfone, muitos dos quais dedicados
aos comentários de notícias. É o típico imortal em vida. Sem nenhuma pressa de
morrer, ele anuncia o seu epitáfio: “Aqui jaz o radialista Salomão Ésper,
finalmente na gaveta”.
Vida Alves (in memorian) começou cedo a sua
carreira no rádio, com dez anos, de tanto chorar após ter sido reprovada no
teste de radioatriz. Em compensação, a sua irmã, Poema, com apenas seis anos, não sabia ler e
precisou subir num banquinho para alcançar o microfone, foi aprovada. Diz ela
sobre o episódio em seu depoimento “Chorei, chorei, chorei... Voltei tantas
vezes que se cansaram da minha insistência e arranjaram um papel de menino na
novela A vingança do judeu, sob a direção de Oduvaldo Vianna. Foi o meu
primeiro trabalho pago”.
Saulo Gomes, menino de subúrbio do Rio de
Janeiro - casa humilde, gente pobre -
despontou para o rádio como grande repórter depois de percorrer o Brasil
como caixeiro-viajante, onde aprendeu a ter facilidade com o trato da palavra.
Depois de fazer apresentações de espetáculos circenses, sua graduação no
microfone foi finalizada na Rádio Continental: “Nós, repórteres da época dos
anos 1950 a 1960, vencíamos um tempo privilegiado do jornalismo. Quando nosso
diretor, Carlos Palut, gênio do jornalismo de rádio, sentia alguma insegurança
da nossa parte ao receber uma missão espinhosa, decretava a chamada operação
“Vire-se”, simples assim: “Pega o microfone, vai lá e traz a notícia”.
Wilson Matos é o representante do rádio do
interior na publicação de Luiz Casadei. Na Rádio Clube de Marília, destacou-se
como apresentador de programas musicais e de auditório. Mas foi como repórter
que fez a cidade parar ouvir os últimos acontecimentos. Ele mesmo conta:
“Fiquei mais conhecido por ter inovado em reportagem de rádio em cidade do
interior. Por muitos anos, fui titular do Repórter Frigidaire, boletim de
notícia extraordinária, muitas vezes in loco, com ares de Repórter Esso. Saía
atrás da notícia de bicicleta, era o meu meio de transporte. Quando as pessoas
na rua me viam passar correndo, já sabiam que alguma coisa estava acontecendo”.
Joseval Peixoto, muito moço, aprendeu a
irradiar futebol nos campos de futebol de várzea de Presidente Prudente. Foi na
locução esportiva que encontrou o caminho para uma trajetória de sucesso como
radialista. Sempre dividiu a bola com o jornalismo, mas foi no final dos anos
1960 e início dos anos 1970 que ouviu sua voz reverberar, dar eco nos estádios
de futebol. Ele conta: “Na copa de 70, a minha estrela brilhou novamente. Não
tenho dúvida, foi minha consagração como narrador esportivo. Emocionado, fiz
uma espécie de oração para reverenciar o momento que entraria para sempre na
história do futebol brasileiro, a conquista da taça Júlio Rimet. Começava
assim: A deusa tão velha de histórias, com braços abertos, erguidos para o alto
dos céus do Brasil!”.
Os relatos dos radialistas contemplam,
predominantemente, três empresas de comunicação de São Paulo - Bandeirantes,
Jovem Pan e Tupi – com incursões por outras emissoras da capital paulista e do
interior do estado, e passagens importantes pelo rádio do Rio de Janeiro. O
prefácio é escrito por Heródoto Barbeiro.
Comunicação / Secretaria da Cultura
Fotos: Divulgação
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