segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dia 20 de Janeiro


Chegou aqui de outro estado

com seus dezenove anos

pele e rosto bronzeado

aquele bonito baiano.



Na cidade de Quintana

iniciou se a trajetória

trabalhando com sitiantes

e eu conto a sua história

desse grande lavrador

que eu tenho na memória.



Com seus vinte e poucos anos

um grande amor encontrou

sua prenda mais querida

que na vida tanto amou

eu falo da dona Alira

a mulher que ele casou.



Em cinquenta e tres consorciou

na bonita cidade de Tupi

no sítio Santa cruz ele morou

pois foi lá que eu nasci.



Lutou com garra na vida

aquele homem sorridente

com sua esposa querida

o seu eterno presente.



Homem que tanto conhecí

não temia quase nada

vivia sempre a sorrir

dava tanta gargalhada

ela era bem feliz

seu ganha pão era a enxada.



Trabalhava sem cansar

aquele homem sarado

quantas coisas pra falar

desse herói abençoado.



Lembro da vida do campo

daquelas tardes fagueiras

fogão de lenha no canto

e de nossa vaquinha faceira.



Gostava tanto da família

adorava conversar

seu rádio grande de pilha

ouvia pra se alegrar

teve ´somente nove filhos

nove bocas pra criar.



Eu lembro desse passado

das suas coisas preferidas

dos seu filhos do coração

e da sua esposa querida.



Mas um dia ele cansou

foi para uma grande cidade

a família toda levou

foi buscar a prosperidade

sua mudança despachou

partiram no trem da tarde.



Ele a mulher e os filhos

e a mala preta aos pés

o trem apitando nos trilhos

na mala o dinheiro do café.



Nunca esqueço dessa mala

que levava esse dinheiro

quantas horas viajaram

nesse trem de passageiros.



Conheceu um novo mundo

descobriu uma nova vida

sempre com a esposa do lado

e a sua família querida.



Viu um mundo diferente

conheceu escada rolante

foi um grande ascensorista

teve empregos importantes

conheceu muitos artistas

esse homem tão brilhante.



Mas depois de um certo tempo

voltou para o interior

veio para ANTIGA CIDADE

de novo , um agricultor

agora o dono da terra

foi um patrão de valor.



Mas um dia de inverno

sua vida feneceu

aquele homem fraterno

numa noitinha morreu

foi embora, virou eterno

está morando com Deus.



Mais de vinte anos se passou

que ele partiu para sempre

mas seu brilho aqui ficou

com suas nove sementes

que hoje sensibilizados

tem ele sempre na mente.



Estou falando de um homem

que era bondoso de fato

que honrou sempre o seu nome

nesses meus versos eu relato

esse baiano paulista

seu João da Cruz matos.



Nesse dia de São Sebastião

valoroso soldado romano

dia que o meu pai João

faria oitenta e dois anos

feliz aniversário meu pai

sei que estás me escutando.



Quero que voce esteja

num lugar lindo e de paz

que lá de cima nos veja

o bem que ele nos tras

bendito e louvado sejas

quanta falta meu pai nos faz.



Dia vinte de Janeiro

essa estação de calor

dia que nosso padroeiro

é homenageado com louvor

parabéns também meu pai

dou um abraço no senhor.

Paulo Matos

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